O dia em que Jardim São Paulo Recebeu o Presidente da República

 

A promissora tendência de crescimento e desenvolvimento de Jardim São Paulo não tardou a atrair mais empreendimentos ainda a partir dos idos de 1948. Além de presença de estabelecimentos comerciais e de serviços – a exemplo da movimentada barbearia de Seu Diogo – outras companhias também resolveram investir na implantação de unidades habitacionais e construção de vilas.

 

Projetos como a construção das vilas Presidente Dutra e Carmela Dutra (homenagens respectivas ao Presidente da República e sua primeira-dama) tomaram forma e foram executados com financiamentos de instituições como a Caixa de Aposentadorias e Pensões do Nordeste Brasileiro (CAP). Após divulgação nos jornais de convite ao público recifense, a Vila Presidente Dutra foi inaugurada oficial e solenemente em 3 de julho de 1948, contando com a honrosa presença do próprio Presidente do Brasil e foi inicialmente composta por 80 residências ocupadas por associados da CAP. A vila era inicialmente constituída por casas isoladas e por casas conjugadas que foram vendidas, respectivamente, por Cr$ 22.300 e Cr$ 20.000, valores reconhecidos como moderados num programa público de aquisição de casas próprias, pois moradia acessível já era um problema relevante na época. O projeto original previa a construção de 400 unidades residenciais e a expansão da vila ocorreu a partir de 1953, quando nova etapa de obras foi autorizada pela CAP.

Seu Almir e Seu Diogo lembraram que a população local estava em peso presente na cerimônia e que as crianças receberam pequenas bandeiras nacionais para agitarem durante a fala do general-presidente Eurico Gaspar Dutra. Seu Almir ainda refletiu sobre esse evento marcado em sua memória: “Hoje não existe mais um presidente ir num bairro para inaugurar uma vila, né? Hoje só inaugura obra grande!”. Eles lembram que, na realidade, até a inauguração da Vila Presidente Dutra havia poucas ruas no loteamento, sendo as principais delas a Rua 1 (Atual Rua Senador Alberto Pasqualini) e a Rua 10 (atual Rua Nossa Senhora de Fátima) e mesmo assim nenhuma delas possuía calçamento ou água encanada regularmente disponível, o que obrigava os moradores a passarem pelo sacrifício de recolher água – quando chegava – durante a noite e acondicionar em latões ou ainda a cavarem poços nos jardins para dispor de maior abundância do líquido tão necessário para todos.

 

Mas ainda que faltasse água, não faltaram homenagens no histórico dia da visita do presidente e de sua ilustre comitiva de autoridades públicas, que incluía senador Novaes Filho, o empresário e político pernambucano Morvan Dias de Figueiredo, que também respondia pelo Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio e o governador Barbosa Lima Sobrinho. Dutra chegou às 8:30 da manhã saudado pela população presente no ato inaugural, percorreu a vila, entrou em algumas casas para se certificar a respeito da qualidade da obra e depois proferiu um breve discurso aclamado pelos moradores e por uma multidão de cidadãos de outras localidades que compareceram ao evento.

 

Os comentários e lembranças da vinda do Presidente da República alimentaram durante anos as conversas e o imaginário da comunidade daquela área suburbana que sequer era reconhecida ainda como bairro, pois ainda era referida como área de Areias.