top of page

Memória em risco: A situação do Parque Ferroviário Edgard Werneck

 

Embora mais habitualmente vinculada ao bairro de Areais, Jardim São Paulo também tem uma relação histórica, geográfica, social e afetiva com a Estação Werneck. E a atual estação de metrô tem uma longa e rica história que antecede o atual tempo no qual trens elétricos modernos como nossos metrôs circulam por ela.

 

A estrutura ferroviária entre os atuais bairros de Areias e Jardim São Paulo remonta à construção da Estação Areias no final do século XIX. Em 28 de julho de 1925 a estação foi rebatizada em homenagem ao engenheiro Edgard Werneck, assassinado no mês anterior após investigar e denunciar um esquema de corrupção na companhia ferroviária Great Western, que era responsável pelo sistema.

A Estação Werneck foi na década de 1920 incrementada pela implantação de um parque de manutenção que dispunha inclusive de uma rotunda (estrutura giratória que direcionava locomotivas para galpões-oficinas e que, ao que parece, era basicamente a única em Pernambuco a dispor de tal sistema – não encontramos até aqui informações de outras nos dois outros parques de manutenção pernambucanos). A estação de embarque e desembarque de passageiros foi mantida mesmo com a construção do parque de serviços técnicos e seu uso indicava ser intenso, permanecendo ativa até a substituição da antiga linha de trens pelo metrô. O parque foi mantido parcialmente, hoje estando aos fundos da sede do Metrorec e lá se encontram ainda equipamentos empregados no trabalho de manutenção e reparo dos trens e o que sobrou de algumas composições movidas à diesel, mas todo esse acervo está sendo vítima da corrosão e da falta de respeito ao patrimônio.

 

Trata-se de uma história lamentável de abandono do patrimônio público e histórico o caso da situação que se impõe sobre o pátio ferroviário Edgard Werneck, deteriorado e relegado ao abandono. Tentamos no início de nossas pesquisas sem sucesso - a partir de diversos contatos - ter acesso ao parque, porém, educadamente, tivemos nossos pedidos negados pela exaustiva repetição da condição de que “amanhã entraremos em contato para confirmação da visita”. Várias ligações e vários “amanhãs” depois, nada foi confirmado. Mas o que encontraríamos por lá era previsível, pois sabe-se que o que restou de equipamentos e composições férreas está em processo de sucateamento pela falta de manutenção já denunciada anteriormente por entidades como a APEFE - Associação Pernambucana de Ferreomodelismo e Preservação à Ferrovia.

Ir em busca dessa história especificamente é uma missão para ser cumprida, afinal, como aponta um estudo a esse respeito: "A partir desse processo de valoração do patrimônio ferroviário em Pernambuco, pode-se perceber o quanto a Memória Ferroviária é determinante para a preservação dos aspectos culturais e históricos desse contexto, que perpassa o patrimônio industrial brasileiro. Essa memória permite expressar os processos históricos de implantação dos elementos, da organização funcional, da organização espacial, da configuração da paisagem e da logística de operação ferroviária." (Clique aqui e confira o texto completo desse estudo).

Década de 1930: A estação, o parque e ao fundo a fábrica SAMBRA / Atual: A Estação do metrô, a sede do METROREC e o que restou do parque de manutenção

Plataforma de embarque e desembarque (década de 1920)

Rotunda da estação Edgard Werneck, década de 1950

As imagens abaixo (recolhidas da página de Facebook da APEFE) são indícios do abandono:

Documentos: O assassinato de Edgard Werneck e a homenagem dos funcionários da Great Western em publicação de 29 de julho de 1925 (ambos registros do Diário de Pernambuco)

bottom of page